Alphonsus de
Guimaraens
Nasceu em 27 de julho de 1870 na cidade de
Ouro Preto e faleceu em 15 de julho de 1921 na cidade de Mariana.
A poesia de Alphonsus de Guimaraens é
marcadamente mística e envolvida com religiosidade católica. Desde seus tempos
de estudante colaborava nos jornais “Diário Mercantil”, “Comércio de São
Paulo”, “Correio Paulistano”, “O Estado de S. Paulo” e “A Gazeta”. Em 1895
tornou-se promotor de Justiça em Conceição do Serro (MG) e, a partir de 1906,
Juiz em Mariana (MG), de onde pouco sairia. Seu primeiro livro de poesia, Dona
Mística, (1892/1894), foi publicado em 1899, ano em que também saiu o
“Setenário das Dores de Nossa Senhora. Câmara Ardente”. Em 1902 publicou
“Kiriale”, sob o pseudônimo de Alphonsus de Guimaraens. Sua “Obra Completa” foi
publicada em 1960. Considerado um dos grandes nomes do Simbolismo, e por vezes
o mais místico dos poetas brasileiros, Alphonsus de Guimaraens tratou em seus
versos de amor, morte e religiosidade. A morte de sua noiva Constança, em 1888,
marcou profundamente sua vida e sua obra, cujos versos, melancólicos e
musicais, são repletos de anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas.
(fonte:
Itaú Cultural)
Ismália
Alphonsus
de Guimaraens
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...